Responsáveis por 50% da mão-de-obra, elas sofrem com a falta de políticas públicas
Embora sejam, em média, metade da força de trabalho em oito regiões metropolitanas do país pesquisadas pelo Dieese, as mulheres brasileiras respondem por 60% do desemprego.
Para romper com esse padrão, que inclui remuneração inferior à dos homens, a coordenadora das Pesquisas Regionais sobre o Mercado de Trabalho para as Mulheres do Dieese, Lucia Garcia, cobra políticas públicas do governo.
“O ano de 2013 foi marcado pelo arrefecimento da oferta de emprego. Avanços só ocorreram nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte e Recife. Esses, porém, são insuficientes para qualquer mudança de cenário”, destaca.
A pesquisadora acha difícil oferecer cotas para as mulheres e pondera que o desemprego feminino está ligado à falta de políticas públicas. “A recuperação do mercado de trabalho pós-2003 foi puxada por setores com forte presença masculina, como indústria automobilística, construção civil e alguns serviços especializados. Tais segmentos cresceram a partir de políticas públicas, enquanto aqueles nos quais predomina a presença feminina, como saúde e educação, crescem predominantemente pelo efeito renda”, compara.
“Mais saúde e mais educação favoreceriam as mulheres. Estimular a indústria automobilística não”, resume Lucia, acrescentando que as mulheres deveriam estar preocupadas com a qualidade do crescimento e do desenvolvimento do país.
A economista do Dieese diz ainda que as mulheres mais jovens perceberam que a equiparação salarial com os homens também está ligada ao acúmulo de conhecimento:
“As mulheres estão postergando a entrada no mercado de trabalho para estudarem mais. Tanto que a participação feminina caiu na faixa etária até 24 anos do mercado de trabalho e subiu em todas as outras”, finaliza.
Fonte: Monitor Mercantil