Em um País que viu a frota de veículos quase que triplicar entre 2002 e 2012, chegando a cerca de 40 milhões de veículos, segundo o Sindipeças (entidade que representa a indústria de autopeças), a educação no trânsito está longe de ser uma realidade nas cidades brasileiras. E, ainda, há a sensação de insegurança; de fiscalização escassa; impunidade; e precariedade da engenharia de trânsito. Se antes acidentes se traduziam em fatalidades, hoje são sinônimos de crimes.
Estas são algumas das principais constatações de uma pesquisa inédita sobre a percepção dos brasileiros em relação ao trânsito, uma iniciativa de J. Pedro Corrêa, um dos maiores especialistas em segurança no trânsito no País, que contou com a coordenação de David Duarte Lima, presidente do Instituto de Segurança no Trânsito, e patrocínio da Fundación Mapfre.
Dividida em dois grupos de participantes, o primeiro junto à sociedade civil, com 1.419 entrevistados com idade acima de 18 anos, e o segundo, com representantes do sistema de trânsito das esferas federal, estadual e municipal e setor privado (frotistas, motofretistas e formadores de condutores), David Lima apresenta as principais constatações da pesquisa.
“Entre os membros do sistema de trânsito, os fatores principais estão relacionados à conduta dos motoristas, como a imprudência e falta de educação; uso do álcool; estresse do dia a dia; imperícia e desatenção; e abuso da velocidade”, pontua.
Já na sociedade civil, o que prevaleceu na pesquisa foi a sensação de insegurança nas ruas – em uma escala de 0 a 10, a média desta questão não chegou a 5 –, e na mesma escala, o tópico infraestrutura de trânsito também não atingiu 5 em nenhum dos quesitos avaliados (sinalização, estradas, vias urbanas, ciclovias e calçadas), sendo a pior pontuação, 3,48, para calçadas.
Síntese da pesquisa
– Não há programas de segurança de trânsito com abrangência nacional;
– A fiscalização é falha;
– A formação do condutor é deficiente;
– Falta o conhecimento das leis de trânsito por parte dos condutores;
– O “Sistema Trânsito” tem muitas limitações para resolver os problemas;
– Os entrevistados creem que os usuários do trânsito são imprudentes e não adotam comportamentos de segurança;
– A infraestrutura de trânsito é precária;
– Falta penalidade aos pedestres,
– Multas “não pesam no bolso” e são morosas para serem efetivadas devido aos recursos jurídicos.